Estudo da Mediunidade - Apostila 01


VIDA, LABORATÓRIO  DO  ESPÍRITO


          Esta é a primeira apostila para estudo do de-senvolvimento e treinamento das faculdades psíqui-cas chamadas de paranormais.  Popularmente es-sas faculdades são conhecidas pelo  nome de me-diunidade.  Este vocábulo é também adotado no Espiritismo, na Umbanda e Candomblé.  Para de-signar a mesma faculdade, nos tempos atuais, tor-nou-se comum chamar a
mediunidade de Canaliza-ção, todavia, nós continuaremos fazendo uso do vocábulo mediunidade na designação dessa para-normalidade. 

Antes de iniciarmos a descrição da parte prá-tica torna-se necessário conversar sobre alguns aspectos que, mais cedo ou mais tarde, se tornarão sensíveis a todos.

Começaremos dizendo que a vida é o laboratório do Espírito.  Os corpos Mental, Astral e Físico, de um mesmo indivíduo, como demonstra a figura ao lado, são os elementos de manifestação e contato do espírito com a matéria, em suas diferentes di-mensões. Concluímos, da figura, que a qualquer momento, ao nível da Consciência, o indivíduo estará colhendo impressões oriundas, respectivamente, de várias dimensões.  Ou, de todas elas ao mesmo tempo.  Portanto, a vida, como aspecto experimental do Espírito, se reveste de acontecimentos nem sempre previsíveis.  Além do que, nem sempre é fácil viver tocando, simultaneamente, em suas múltiplas facetas, como acontece ao paranormal, ou médium.  

Esta circunstância pode, também, ser chamada de Estado Alterado de Consciência, isto é, quando no estado de vigília, ter a percepção de níveis além do físico.  O reflexo mais imediato desse aconteci-mento é o do indivíduo sentindo-se interagido por forças que estão além de seu domínio e visão co-mum.  

Sem informações a respeito, e ignorando as causas, esse indivíduo se vê subjugado por aquelas energias.  São energias oriundas, simultaneamente, dos planos Mental e Astral, numa atuação durante o seu estado de vigília.  

Para harmonizar essa situação com sua vida cotidi-ana, a fase de aprendizado e treinamento deve se constituir de forma metódica e criteriosa, utilizando-se nela de todo o instrumental formado por uma base teórica e prática.  (Nas apostilas seqüentes os dados inseridos na figura 01a  serão mais detalhadamente comentados.)

Portanto, aqueles que se sentirem premidos por essas forças e queiram adotar em suas vidas esse recurso de controle de sua paranormalidade, tornando-se confiantes e seguros, deverão, igual-mente, estar interessados tanto no conhecimento teórico quanto se disporem a treinamentos.  Seguin-do o roteiro dos estudos que aqui sugerimos, aquilo que hoje foge do controle, e tem o caráter de excepcionalidade, passa a se tornar rotineiro na vida do indivíduo.

Outra situação que acontece, e a experiência tem demonstrado como resultado inevitável desse desenvolvimento, é o do indivíduo encontrar-se consigo mesmo.  E´ fácil compreender o que isso significa e porque se dá.  Uma vez que suas faculdades psíquicas facilitam acesso involuntário aos vários  níveis existenciais, a partir do momento em que esse mesmo indivíduo começar a distinguir esses níveis, ele começará, também, a notar facetas de si mesmo, até então desconhecidas.  São suas outras personalidade pertencentes a outros tempos, a outras vidas.  Nesses aprofundamentos nos refolhos de sua alma, o indivíduo vai descobrindo páginas de vida das quais se julgava isento.
Mas  nem  sempre  esses  encontros  trazem  emoções agradáveis.  Esse resultado, inevitável, repetimos, por si só recomenda cautela, método e disciplina, para vivenciá-lo.

Outro reflexo que se distingue nessa fase de transição entre a insipiência do desenvolvimento e a etapa de segurança, é a vulnerabilidade orga-no/emocional do indivíduo.  Nessa fase, que às vezes perdura por alguns anos, o aumento de sensibilidade às energias extrafísicas acarreta  abalos emocionais e disfunções orgânicas.  

A razão disso ocorrer é que os corpos são os elementos sensores do espírito para o contato com os mundos da matéria.  Esse aumento de percepção pode ser comparado ao seguinte exemplo:  Considere um dia  nublado onde a claridade é difusa, céu cinzento sol encoberto.  Despreocupadamente pode-se olhar para o alto, apreciando as nuvens, sem nenhum risco para os olhos.  Entretanto, num instante a seguir, abre-se uma fenda nas nuvens, exatamente no ponto para o qual os olhos estão voltados.  Sem nenhum obstáculo à frente, os raios solares tocam os olhos do observador, ferindo-lhe a retina.  Essa ocorrência deixará a pessoa ofuscada por um bom período.  Depois desse susto, ou nunca mais olhará o céu, ou, até mesmo em dias invariavelmente nu-blados usará óculos escuros, como cautela.

Assim, analogamente, também será durante a fase de treinamento.  A cada nova surpresa provin-da de sua sensibilidade e vivência psíquica, o nova-to irá se apossando de defesas correspondentes.  Depois de um bom período, no qual tenha passado por bom número de situações diferentes, tendo-as vivido de forma bem orientada e disciplinada, ele se tornará confiante de sua capacidade, mesmo para situações inteiramente novas.

Em razão dessas surpresas, no decorrer dos textos dessas apostilas serão comentados fatos experimentais correspondentes.  O importante, co-mo todos constatarão, é manter-se organizado sem se deixar envolver por ansiedades.  O tempo é o único recurso reposicionador do estado geral de harmonia, estando incluso nisso a consciente per-cepção da sensibilidade despertada em todos os corpos.

Outro tópico merece ser comentado.  Chama-se:

Desenvolvimento, Coisa muito Pessoal

Neste tópico queremos lembrar, inicialmente, um ponto que deve ser comum entre todos aqueles que se vêem a braços com situações psíquicas.  E´ a Reencarnação.  Para bem compreender a facul-dade mediúnica, ou estado alterado de consciência, é preciso que o indivíduo tenha como premissa o fato de que é um SER reencarnante.  Isto é, um indivíduo que já vivenciou muitas existências terre-nas e tantas outras nos planos extrafísicos. 

Essa é, hoje, uma premissa aceita não só nos meios espiritualistas como também nos  centros avançados de estudos da mente.  Haja visto os resultados que a Terapia de Vidas Passadas, (TVP), tem proporcionado, bem como as pesquisas no campo da reencarnação elaboradas pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, que esteve sob a direção do eminente pesquisador Hernani Guimarães Andrade, (falecido em 25.Abril.2003), com sede na cidade de Bauru, estado de São Paulo.

Nesse campo da pesquisa sobre reencarna-ção podemos citar, também, o dr. Ian Stevenson, da Universidade de Virgínia, Estados Unidos da América do Norte, conceituado como uma das maiores autoridades no assunto.

  Portanto, com tranqüilidade, podemos nos assentar no fato de que cada indivíduo traz em si uma biblioteca, na qual, os livros ali arquivados contam suas múltiplas e inumeráveis experiências de vidas terrenas e de vidas transcursas nos planos além do físico.

Assim sendo, e o indivíduo deparando-se com o involuntário acesso aos seus outros níveis de consciência, esbarrará com  o conteúdo dessa sua imensa biblioteca de vida.  Como as experiências de vida são múltiplas e de épocas as mais variadas, é comum o indivíduo tornar-se confuso e inseguro para lidar até com as situações mais banais de sua atual existência.  Cai naquele estado que a psiquiatria chama de esquizofrenia, em suas muitas variações, sendo que as mais comuns são: paranóia e psicose-maníaco-depressivo.

Do que comentamos acima, e olhando a his-tória da humanidade, concluímos que o ser humano, psicologicamente falando, é um barril de pólvora prestes a explodir a qualquer momento, se... não aprende a cultivar o controle emocional.

Para exemplificar sobre o cultivo do controle emocional apresenta-mos a figura 01B com a seguinte explicação:   O controle emocional como corolário para a formação das defesas artificiais, em virtude do despertamento da sensibilidade, é atingido mediante treinamento disciplinado.  Esse treina-mento das faculdades psíquicas proporciona um duplo aspecto, que são: 
 A) – Desperta forças adormecidas, traz recorda-ções inimagináveis, exacerba sentimentos;  
 B) – Quando metodicamente aplicado propor-ciona controle sobre as exteriorizações citadas no item “A”.

Detalhemos o item “A”

Desperta forças adormecidas – O indivíduo passa a fazer coisas de que nunca cogitara, e com tal habilidade que até se surpreende.  Tanto para os casos benéficos quanto para os nocivos.

Recordações inimagináveis – O indivíduo se vê como protagonista de acontecimentos, em eras as mais distantes.  De início parecem discrepantes, mas ao observar bem, verifica que muitas tendên-cias de hoje têm suas raízes nos fatos daquela reve-lação.  Quando são fatos construtivos deles até se aproveita para melhorar a performance atual.

Exacerba Sentimentos – Obviamente que com o despertamento de forças e das recordações o resul-tado só poderá ser um crescendo de sentimentos relacionados aqueles fatos.  De igual forma esses novos sentimentos, mais fortes em suas manifesta-ções, serão nobres se as lembranças forem agradá-veis, mas se foram causas destrutivas os sentimen-tos poderão ser de depressivo arrependimento, frustração ou ódio.

Todas essas forças em ebulição no indivíduo em despertamento de suas faculdades mediúnicas, têm por razão o que se apresenta na figura 01-B acima.  Nela mostramos o SER em expansão, isto é, os  veículos  de  contato  da consciência com o meio dimensional em que vive ampliam seus alcances de percepção.  Por conseguinte, amplia seus contatos com o meio exterior dos vários planos.  Não se trata dos corpos crescerem volumetricamente.  O que se expande são as “antenas” psíquicas com as quais percebe, analisa e apreende do mundo com que faz contato.

  Essa expansão é natural porque, psiquica-mente, todos os seres estão evoluindo.  Como con-seqüência, também natural, e como ficou dito acima, essa expansão, ou evolução, propicia, mesmo independentemente da vontade do indivíduo, o contato com as realidades dos respectivos planos dos diversos corpos de que a consciência faz uso . Daí que, simultaneamente ao trabalho de de-senvolvimento e controle psíquicos deve-se associar o cultivo de Sentimentos equilibrados como elemento de reformulação pessoal e a criação de defesas artificiais para a vivência harmônica e simultânea em todos esses planos.  (Sobre defesas artificiais falaremos demoradamente quando do estudo dos chacras, apostilas 21 à 25.)

Outro ponto a salientar é que embora o trei-namento possa ser em grupo, o indivíduo deve ter em conta que o desenvolvimento efetivo é inteira-mente pessoal e íntimo.  A circunstância de se as-sociar a um grupo é obter suporte na fase inicial.  Considere, ainda, que a criatura humana por não suportar a solidão, tende ao encontro de outros de igual pensar, e daí formam-se os grupos.  Mas seja por isso ou por aquilo, sempre se beneficia pelo contato com outros integrantes e por tomar conhe-cimento das respectivas experiências de cada um daqueles do grupo.

Contudo, deve ficar bem claro, a vivência em grupos de treinamento não dispensa o treinamento individual que, quanto possível, deve ser diário.  E´ preciso lembrar que nem sempre, por toda a vida, e por todas as circunstâncias da vida, poderá contar com a presença de um grupo de apoio.  E´ preciso aprender a enfrentar o mundo sozinho.  E´ preciso levar em conta a possibilidade de viver uma orfan-dade grupal.  Logo, se assim vier de acontecer, o responsável pela continuada harmonia pessoal será a própria confiança interior, que podemos chamar de  o  EU  educado, este que é o caminhante solitário das vastidões.

Podemos dizer que essa é a maior descober-ta que o indivíduo faz de si mesmo.  Isto é, sentir-se seguro frente às variadas circunstâncias de sua existência.  Aquele que vivenciava  estados ator-mentados e considerava-se inapto para a vida, che-gando a pensar que pôr fim à ela era a única solu-ção possível, depois desta descoberta sente inusitado alívio.  Alívio que o regenera para uma vivência dita normal junto daqueles que lhe são mais queridos.

Mas nada a conseguir é assim tão fácil como possam fazer imaginar essas nossas primeiras li-nhas de estudo.  O empenho do próprio indivíduo é indispensável, pois descortinar-se-á para ele todo um mundo novo a pedir-lhe  compreensões  sobre aquilo que lhe parece difuso.  Assim sendo, seu aprendizado por lidar com essas forças estará na proporção direta de seu empenho em aprender.

Logo, par-e-passo com o treinamento em gru-po, deve-se disciplinar um treinamento individual.  Este abreviará o tempo do aprender e, por conse-guinte, do evoluir.  Sem persistente esforço por atingir tal objetivo, aprenderá também, mas ao custo de maior tempo e sob o constrangimento de forças calcadas em sofrimento e dor.  Em resumo, o Carma pessoal pode ser modificado em função da direção que se dá à vida.  Os recursos para isso ficaram, resumidamente, citados acima.

Apostila escrita por
LUIZ  ANTONIO  BRASIL
Janeiro de 1995 – Revisão Novembro de 2004